Posted on terça-feira, 11 de maio de 2010 by John Montmor | 0 comentários
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Utilizo da bussola que aponta de dentro para fora; torna minha alma meu guia.

A chave de Miguel

Posted on terça-feira, 27 de abril de 2010 by John Montmor | 0 comentários
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- Lamento, não posso ajudar dessa vez, espero que tenha sorte amanhã e uma dica faça essa barba, está parecendo um vagabundo.
Foi o que ele me disse, um bom conhecido sempre foi sincero comigo, mas estou sozinho novamente, afinal quando não estive?

Longas escadas, passo a passo, ainda firmes apesar dos longes pensamentos, sempre fisgados pela necessidade de resolver um problema, os carros se movem rápido pela rua, como se o mundo fosse acabar agora, saudade do tempo em que as coisas eram simples. O rumo daquele dia era até onde as pernas agüentariam ir, constantemente o olhar se focava para o céu, esperando uma ajuda, uma resposta da pergunta que latejava, - por quê?
- Sempre foi assim, primeiro um ápice depois a queda, os livros de historia sempre me fascinaram, a filosofia contida em cada guerra, as estratégias usadas por aqueles que quase dominaram o mundo, quase!
- Será que comigo vai ser assim, “pare de ser burro já é assim”, infeliz verdade, vejo esses homens e mulheres indo para diferentes lugares, com distintos desejos e movidos pela vontade, essa tal que não tenho mais tanta força quanto antes.
Tantas foram as cidades que o sentido de casa se perdeu, em meio as paisagens bonitas ás vezes, aterrorizante em uma noite, que viria a mudar o eixo, tornando aquela vida, uma sobrevivência em dois extremos, tudo ou nada.
- Vejo a vida pelo seu lado bom, nada eu já tenho, só preciso conhecer o senhor tudo.
Um sorriso no rosto, a cabeça volta a se erguer e como num passe de mágica, como aquele demônio que fica do lado esquerdo do ombro, a velha e maldita frase reaparece.
“Sempre pode piorar Miguel”
Estranhamente o sorriso fica ainda mais vivido, o instinto faz levar a mão até o pingente de prata, ultimo bem deixado por sua avó antes de falecer, cena antiga que passa como um filme. Inverno rigoroso, uma velha casa de madeira que seu bisavô recebeu como forma de pagamento por uma divida de jogo, pôquer velho habito de longas gerações incluindo a de Miguel, ninguém de sua família jamais admitiu que os problemas fossem atribuídos a isso, todos se gabavam daquela casa conquistada com uma quadra de damas, uma única vez.

- Lembro-me claramente de seu olhar penetrante buscando em meus olhos a resposta, sem ao menos esboçar a pergunta, era como se ela me comesse com aqueles grandes olhos verdes, uma pele branca com sardas, enrugada pelo tempo e um forte cheiro de mirra que vinha de um incensário, brinco que foi o mesmo que usaram com o menino Jesus, mas nunca mais falei após apanhar muito; “olho no espelho e vejo as cicatrizes que os fios deixaram nas minhas costas, forte sou agora, mas já desejei a morte do carrasco doutrinado”. Sabia que os traumas deixados por aqueles demônios fardados, exibindo suas estrelas malignas de ferro, marcaram a alma de meu povo, feridas sempre abertas, agora entendo porque Goretti é tão amarga, soube que ela perdeu a vontade de viver quando me contou sua historia, realmente gostaria de nunca ter ouvido o que é o inferno, os livros que sempre amei não me diziam os sentimentos e relatos daqueles que foram usados como ratos de laboratório, ela me fez chorar, me fez ter ódio, rancor e acima de tudo um karma, o fardo de levar, números tatuados em sua pele como ressentimentos cravados em meu coração.
- Miguel, deixe-me ver sua mão... seu caminho é incerto, vejo duas situações e no fim delas sua morte é inevitável, mas todos tem uma chance de mudar seu próprio destino, gostaria de pedir um favor. Olhando em meus olhos trêmulos, segurando minha palma com carinho, sinto o calor de suas mãos enfraquecendo, mulher tão forte, sempre ganhava nas discussões a mesa de jantar, mesmo estando errada, um simples olhar diferente fazia a mesa toda ficar em silencio novamente, aos poucos voltavam ao assunto, não sei se ela percebia, toda vez eu olhava pra ela e via algo parecido com um sorriso, era a única que não jogava, pelo contrario se estive próxima não havia jogo e sim oração; tradicional gostava de orar em latim, coisa rara, aulas de latim, nossa não gosto de voltar naquele tempo, digo apenas que a didática dela era meio medieval;
- Sabe por que fui dura com você por todos esses anos?
- A senhora só fez o que achava ser o certo.
- Cale a boca Miguel, estou morrendo, então não seja piedoso, sei muito bem  como sou, atormentada pelos gritos daqueles que fizeram a passagem em dor, raivosos jurando voltar e matar aqueles demônios. Miguel dedico o tempo que me resta por revelar um segredo, uma lenda.


Correntes

Posted on quinta-feira, 25 de março de 2010 by John Montmor | 1 comentários
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Caminhei o sobre o vale sombrio aonde tudo foi, é e será sempre o cinza mais opaco.

Correntes cravadas em minha carne, lentamente andava sentindo o músculo rasgar aos poucos, porém nunca sedia o peso daquele fardo que havia criado.

A mirra que queimou, queima e arderá em meu templo, fixei meus olhos cansado e amarelos sobre a brasa viva, vivo e sobrevivo em um ciclo eterno, porque esperar, tive que sangrar até gritar, para nascer, caminhar e poder me machucar na brasa, sentir sua dor me fez sorrir, pois se dor sinto, humano de novo!

Pude renegar as correntes do passado, do presente e do amanhã, saiu de minha condição de menino que chora pelo sorvete não comprado e encontra o homem que pode ser realizado!

Lua Azul

Posted on terça-feira, 9 de março de 2010 by John Montmor | 0 comentários
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Em uma noite escura e nublada, olhei para céu buscando respostas sobre amargas duvidas que em meu coração habitavam de longa data, o tempo que criamos foi passando e aquele firme manto escuro não parecia me dizer nada, caminhei divagando em meus pensamentos e perguntando o porque? Nada poderia fazer, pois eu tinha a resposta, talvez tentasse me confortar.
Tão esperada Lua azul, era a noite dela, resolvi então apenas contemplar sua inspirada beleza e o céu aquele dia não era o mesmo de todos os anos, percebi uma estrela diferente, ela sorriu pra mim, me encantei, me atordoei; resolvi buscar as sabias palavras do homem lagarto; perguntei-o como leigo homem que sou tocar uma estrela? Então ele me disse - Viajante o único caminho é descobrir quem és tu, viaje por dentro de ti e lá encontrará o fio de prata que nos liga a tudo que existe, mas cuidado os caminho da alma são cercado por uma fogueira dos seus próprios defeitos, talvez se perca, talvez consiga e isso só acontecerá se ela sorrir novamente.
Busquei em meu âmago a única coisa que me mantinha em pé, a força de minha vontade, orei ao criador e pedi ao meu anjo que me guiasse, soube então que nunca venceria aquela fogueira, mas espaço abri entre ela renegando ressentimentos, sobre um fogo avermelhado, havia uma espada adornada e com escritas em latim de fato era feita de prata, fechei meus olhos e com um nó na garganta a empunhei e ao abrir os olhos a vi estrela sorridente, pensei nesse momento tantas vezes no que dizer, mas simplesmente a única coisa que fiz é sorrir.

Luar do atropelado

Posted on sexta-feira, 1 de janeiro de 2010 by John Montmor | 0 comentários
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Então a vi em meio às nuvens, resolvi escrever sobre ela, que tanto vejo e só toquei em lúdicos sonhos. Ao fundo um azul, nuvens cinza-claro que parecem desfazer-se no grande mar suspenso, antes que ela saia de meu olhar, digo a você, nela me inspiro e grande paixão tenho por seus mistérios, agradeço ao astro Rei, por escorrer seus fios dourados do reino distante sobre sua face, tão pura às vezes me engana, com seu branco azulado, quase cheia de toda sua beleza, agora que a legião de nuvens a tirou de mim, apenas espero, por mais uma noite em seus raios-braços, fascinante como os mistérios de uma mulher que com seu olhar penetra e rasga o grosso véu de meus pensamentos, desejos, aspirações e paixões.

Quando vejo seus olhos me entristeço por todos os dias que deixei de olhá-los, então me conforto nos braços-raios daquela que sempre vi e nunca entendi como seu beijo doce, porém fascinantemente inexplicável ao um leigo homem, que se contenta com a Lua ao invés da mulher nua, que o clama alto sussuradamente em seus ouvidos, contando-lhe seus mais íntimos desejos, medos e paixões, astro Rei que um dia possa ter as duas nuas na terra e céu, uma comunhão de espírito e carne que jamais será desdenhada por esse sonhador que tenta falar com os astros para que iluminem seu caminho até daquela que um dia poderá olhar no fundo de seus olhos procurando sua alma e rasgar o grosso véu de seus pensamentos e sentimentos, por fim alcançar seu coração e roubá-lo como fez certa vez sem esforço.